Passados 12 anos desde a ultima incursão no cinema de James Cameron; muitas coisas me vêm à cabeça desde o lançamento daquele que foi o filme de maior bilheteria da historia do cinema, muitos torceram o nariz e afirmaram com veemência que o filme seria um fiasco sem tamanho, o filme mais caro da história a ser produzido iria afundar como o navio de mesmo nome levando junto consigo a carreira de seu diretor, mas tudo isso foi revertido quando em sua estréia, o filme deu uma prévia do que estava por vir.
Sucesso de público e boas criticas alavancaram ao filme a premiação máxima no Oscar sendo vencedor em 11 categorias inclusive de Filme e diretor (particularmente não gostei do filme por se tratar de uma historia de amor comum em que o navio era utilizado meramente como pano de fundo, mas que tem seus pontos positivos por ter um roteiro enxuto e que prendia o expectador na poltrona do cinema). Depois desse espaço de tempo a sensação que se tinha a respeito de seu novo projeto era o mesmo a estréia de Titanic que poderia ser um fiasco. A cada noticia que nos chegava da mídia especializada a mesma nos deixava apreensivos. Muito se divulgou que o filme seria uma revolução na maneira de como se fazer e de presenciar o cinema, seria a nova revolução, tal como a mudança dos filmes mudos para os filmes com som assim como dos pretos e brancos para os coloridos.
Toda essa introdução era necessário para explicar toda mística que foi criada em torno do novo filme de Jim Cameron. Trazendo uma narrativa que combina seqüências filmadas em sets com outras geradas completamente por computadores o filme narra a historia do ex fuzileiro naval Jake Sully (Sam Worthington) que se alista num projeto do governo americano com a missão de substituir o irmão gêmeo falecido, na intenção de colonizar o Planeta Pandora, localizado na galáxia Alfa Centauro, como o ar respirado no planeta é impróprio para os humanos, são criados Avatares híbridos com DNA alienígena e humano onde por um processo que sua consciencia passa para o seu Avatar correspondente.
Aparentemente uma historia comum, se quem estivesse por trás das câmeras não fosse um grande diretor, ele é concebido como uma espécie de Dança com Lobos, futurista em que faz varias referencias a outros filmes, tais como Matrix, A Missão e pela atitude dos habitantes do planeta Pandora, me lembrou muito O Último dos Moicanos, principalmente em suas vestimentas e cortes de cabelo.
No desdobrar do enredo percebemos que nosso personagem principal começa a se identificar com o povo chamado aqui de Na’Vi e acaba se apaixonando pelos costumes e principalmente por uma alien de nome Neityri(Zoe Saldanha), onde Jake vai de encontro com o líder da missão o coronel Quaritch (Stephen Lang).
Com uma direção precisa Cameron detalha cada trecho de Pandora e nos faz acreditar que aquilo realmente existe e tem vida e que não foi invenção de sua mente (ele desenvolveu toda a vegetação do Planeta baseado em documentários que o mesmo fez no fundo do mar nesse tempo afastado dos cinemas), as cenas noturnas são incríveis mostrando animais e plantas que brilham no escuro, plantas que acendem uma luz a medida que se pisa e tantas outras coisas que perderia horas e horas a falar.
Mas nada disso seria possível se a interatividade dos habitantes do planeta com sua fauna e flora fosse tão crível aos olhos do espectador, onde se consegue entender o porque daquela ligação entre os três.
O filme também levanta uma critica ferrenha ao governo americano, com sua política de dominação, que não poupa civilizações: com suas culturas, credos e muito menos seus costumes em prol de algo que seja em beneficio próprio. Ele nos deixa essa questão para ser refletida, pensada, discutida e por vezes por que não dizer seguida, os motivos que levam os humanos da terra para o planeta lembrou-me muito os colonizadores europeus com sua política de extração e dominação, e mais recentemente os EUA que em busca de petróleo levantou e levanta uma verdadeira empreitada contra os países do Oriente Médio (fui longe) para satisfazer suas necessidades.
Mas a ultima questão a ser levantada é sobre a revolução a qual James Cameron se propôs a nos apresentar. Confesso que esperava mais do que nos foi apresentado, mas é absurdamente superior a outras tecnologias de captura de movimento, que os movimentos são perfeitos e complexos, a interação dos humanos com fauna, flora e aliens é fantástica vide a qualidade, em momento algum percebemos o que é gerado por computador e o que é cenário, nada disso seria possível se as atuações não fossem no mínimo perfeitas, Zoe Saldanha com uma atuação perfeita, encanta com seus movimento graciosos e temos a sensação que ela realmente existe. E se o ator Andy Serkis interpretando Gollum, em Senhor dos Anéis, mereceria uma indicação pela sua interpretação, não me admira que ela seja indicada como atriz coadjuvante. Com tudo que já se foi falado duas coisas me chamaram a atenção a primeira foram os olhos que nunca em filmes com captura tinham vida, enquanto nesses eles não somente quebram essa barreira assim como percebe-se em varias vezes na produção a dilatação dos mesmos.
James Cameron nos brinda com um ótimo filme, em que ele mistura vários estilos, sejam Sci Fi, filmes de conquista, a espera realmente foi gratificante, e esperemos que ele não demore tanto tempo para nos brindar com outra obra prima.
Nota: 10,00 8,00